Sem Título,
São Paulo, 1959; vive no Rio de Janeiro Sem Título, 2004 vidro e pastilhas de cerâmica A exposição Amor Lugar Comum reúne nove trabalhos de Luiz Zerbini produzidos na última década. Como conjunto, as obras demonstram a intencionalidade da prática pictórica do artista, suas estratégias compositivas e sua relação com o tempo. Residente no Rio de Janeiro há muitos anos, o paulistano Zerbini participou da histórica mostra Como Vai Você, Geração 80?, em 1984, que incluiu obras de Leda Catunda, Jorge Guinle Filho (1947-87), Beatriz Milhazes, Cristina Canale, Daniel Senise, e Leonilson (1957-93). A exposição realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, ajudou a definir o retorno à pintura no Brasil dos anos 80. Desde então, o artista continua a se dedicar a uma prática pictórica experimental e profunda que transcende tendências e modas, com a produção de um conjunto de obras significativo. Zerbini declarou não se interessar por questões formais da pintura, mas sim pela criação de uma análise social de uma cenauma cena que fale de pessoas, lugares, arquitetura e tempo. No embate com as consequências formais da pintura, o artista se preocupa com o significado e as com limitações do meio expressivo. Como resultado, muitas vezes ele se desvia da pintura para explorar a criação de objetos, a instalação, o vídeo e a colagem. Junto com os artistas Barrão e Sergio Mekler, Zerbini formou o grupo multimídia Chelpa Ferro, que há mais de 20 anos trabalha com objetos, cinética e som. Como comentário cultural, as telas de Zerbini convidam o espectador a refletir sobre uma realidade sincopada densas combinações de flora e fauna, geometria, detritos, objetos pessoais e menções a vivências colapsadas em um presente híbrido. Em High Definition (2010) e Mamão Manilha (2010), faixas de cor interrompidas ou uma seção semipixelada sugerem uma falha no registro de representação, revelando a pintura como um dado mediado e imperfeito. Com o uso de tinta metalizada em Lago Quadrado (2010) e Pintura Velha (2013) Zerbini obteve uma luz incerta, um brilho vindo de dentro da tela que contrasta com a natureza representacional das outras obras expostas. Enquanto cada pintura é um ato de composição racional com cada elemento, cor e gesto planejados , o significado é gerado pelo processo do artista, uma mágica de execução coerente com a percepção filosófica que alimenta a prática contínua de Luiz Zerbini. Todas as obras pertencem à Coleção Inhotim, exceto Mamão Manilha (2010), coleção particular, São Paulo; Sem Título (2004), Drops (2004), Pintura Velha (2013) e Sem Título (Disperso) (2013), cortesia do artista e da Galeria Fortes Vilaça.