Sem título, 2000; Sem título, 2002; Sem título (Bronze 5), 2005,
São Paulo, 1962; vive em São Paulo
Sem título, 2000
Sem título, 2002
Sem título, 2005
bronze
Agrupadas pelo artista sobre uma mesma base elíptica de concreto, as três esculturas de Edgard de Souza aqui reunidas são apresentadas juntas pela primeira vez em Inhotim. As esculturas são parte de uma série em bronze fundido, que inclui outras peças e foi desenvolvida pelo artista ao longo da década de 2000. Elas representam uma figura masculina nua baseada no corpo do próprio artista e poderiam ser consideradas autorretratos, não fosse a ausência do principal elemento de identificação de um retrato: o rosto. Articuladas numa elegante disposição linear, as esculturas sugerem, num primeiro momento a leitura de um movimento contínuo, que se revela, numa observação mais detida, como fragmentado e sem uma óbvia relação de causa e efeito entre cada uma das poses. Estas são impossíveis e abstratas, sugerindo tanto pulsão quanto introspecção, mas também fragmentação e fusão de corpos.
Desde o final dos anos 80, Edgard de Souza vem construindo um conjunto de obras marcado por uma qualidade artesanal e um ritmo lento de produção que se destaca da escultura contemporânea de grande escala. Em suas esculturas de bronze, o artista obtém uma superfície lisa e uma grande precisão nas formas, a partir de um primoroso processo de desbaste executado pelo próprio em blocos monolíticos de gesso e que confere às obras um aspecto nobre e sedutor. A história da arte e as questões ligadas à corporeidade e à auto-representação têm norteado a sua produção. Aqui, de certa forma, o artista revisita a tradição da estatuária retratista de bronze, que povoou os jardins e espaços públicos europeus entre os séculos XVII e XIX.